XVIII CONCURSO “O MELHOR POMAR DE ACTINÍDEA
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Associação Portuguesa de Kiwicultores
XVIII CONCURSO “O MELHOR POMAR DE ACTINÍDEA
Kiwicultores da
região enchem o auditório do espaço inovação para dar voz ao setor
Pela APK, Manuel Coelho, Presidente da Direção, deu as boas vindas
aos presentes e agradeceu ao Presidente da Câmara Municipal de Oliveira do
Bairro, Duarte Novo, a utilização do espaço. Duarte Novo enalteceu os esforços
dos kiwicultores do concelho e desejou um maior envolvimento dos mesmos em
maiores projetos e que fixem pessoas no concelho.
Manuel Coelho agradeceu a colaboração da Kiwicoop pelo contributo
prestado à organização deste evento.
A começar as jornadas técnicas, a Dr.ª Helena Castro (FLOWer Lab,
CFE – Universidade de Coimbra) apresentou os resultados do ensaio
“Quantificação de défices de polinização em pomares de kiwi”, realizado em
2019. Desta apresentação pode concluir-se que os insetos têm uma influência
positiva na polinização. Em pomares equilibrados (equilíbrio entre machos e
fêmeas, uso de abelhas ou abelhões), a aplicação de pólen não representa um
ganho efetivo. Em pomares com baixos défices de polinização a aplicação de
pólen deve ser encarada como um complemento.
Questionada por um kiwicultor sobre o momento ideal para efetuar a
polinização complementar em pomares de kiwi verde, respondeu que a bibliografia
científica aponta para o momento em que se dá a queda de 90 % das pétalas,
apesar de dificuldade em acertar com o timing
e a heterogeneidade da floração.
No tema seguinte – “Cálcio: A importância nutritiva e as épocas de
aplicação na cultura do Kiwi”, o Eng.º Hugo Marques, técnico da Nutrifield, fez
a seguinte apresentação: O cálcio é um dos elementos essenciais para um correto
desenvolvimento da fisiologia da planta, desde a floração até à colheita dos
frutos.
A sua absorção é condicionada por diversos fatores, desde o vigor
excessivo ao balanço hormonal, regime hídrico entre outros.
A sua aplicação poderá ser realizada quer via radicular (durante
os primeiros estados fenológicos – vingamento) e via foliar (estados
fenológicos – K/L/M/N).
É essencial a aplicação na pré-colheita, pela “diluição” do cálcio
no fruto, devido à maior exigência pela planta em magnésio/potássio.
A escolha do tipo de cálcio a aplicar dependerá em muito das
matérias-primas, forma de complexação dos produtos comerciais.
Após pausa, no terceiro tema – “Agricultura de precisão e
transformação digital” – o Eng.º Eduardo Martins (Hubel Engenharia e
Sustentabilidade) chamou a atenção dos presentes para a importância e
necessidade de automatizar e informatizar a agricultura. Mais especificamente a
gestão da rega e da energia, através da utilização de sondas e sensores, e
plataformas digitais, em tempo real que compilam informação a fim de ajudar à
tomada de decisão no momento, no pomar.
Na “Mesa redonda com os Entrepostos”,
estiveram os entrepostos nacionais associados da APK e que representam a grande
maioria do mercado. O presidente da APK fez uma breve apresentação da
associação e das suas valências e como espaço de encontro institucional dos
entrepostos, dos técnicos e dos kiwicultores nela associados. Prosseguiu desafiando
os representantes dos diversos entrepostos a apresentar a sua estrutura, e a
responder a um conjunto de questões relacionadas com o impacto da COVID-19, do
conflito Ucrânia/Rússia, das perspetivas para a próxima campanha e do futuro da
fileira.
Nélio Marques, pela Kiwicoop, referiu que a cooperativa é uma
estrutura que alberga 350 sócios/produtores, numa área de 700ha de kiwi.
Considera que a COVID-19 teve um impacto positivo no consumo do kiwi.
Transmitiu que Itália terá mais fruta, mas com menos qualidade. Portugal e
Espanha com menos e a Grécia com mais quantidade, embora possa ter menos
calibre. Tem contudo a expetativa que no caso grego, os elevados custos de
transporte dificultem a colocação do fruto na Península Ibérica. Pode daí advir
uma vantagem para a fruta portuguesa, tendo em conta que Espanha é o país com
maior consumo per capita (4kg
pessoa).
Vítor Araújo, pela Kiwi Greensun, apresentou a sua organização,
constituída por 51 produtores totalizando uma área de 400ha. O aumento de custos
acabou por não estar tão patente na campanha, porque fez parte da mesma com
material aprovisionado. Tem uma perspetiva de um aumento dos custos de energia
de 0,02 €/kg para 0,08 €/kg. Os elevados custos de transporte podem beneficiar
a fruta portuguesa dada a proximidade com os nossos principais mercados –
Espanha e França. Considera que a inflação poderá originar alguma quebra no
consumo do kiwi. A Zespri estará para terminar a sua campanha no mercado
nacional mais cedo, possibilitando ao kiwi nacional iniciar a sua campanha de
comercialização um mês a um mês e meio mais cedo.
A Kiwi Greensun está a investir em instalações para o aumento do
armazenamento em frio e para instalar uma nova calibradora, de forma a aumentar
a capacidade e qualidade da calibragem e embalamento, conter custos e elevar a
qualidade da fruta exportada - 80% da fruta é exportada, sobretudo Espanha.
Pela Kiwilife, André Nogueira, apresentou o entreposto como
comercializador de kiwi Bio, variedades verde e amarelo. Não indicou área nem
número de associados. Perspetiva que na próxima campanha haja um aumento da
percentagem de fruta de categoria I e que, apesar dos problemas de rega
registados, estas primeiras chuvas estão a ter um impacto positivo no
desenvolvimento do fruto e tem alguns receios relativamente à conservação.
Referiu ainda que há alguma vontade por parte dos clientes de iniciar a
campanha mais cedo.
Pela Prosa, Pedro Castro, indicou que conta atualmente com cerca
de 60 produtores e estima em cerca de 3000ton a quantidade de fruta a
rececionar. Considera que o custo da eletricidade teve impacto na gestão da
empresa. Nesta campanha, até ao verão, temiam que a colheita sofresse uma
redução de calibre e quantidade, influenciada pelo calor e falta de água. Devido
às últimas chuvas parece ter havido uma recuperação, no entanto alertou que é
precoce precisar essa recuperação pois está dependente da evolução e
conservação da fruta nas câmaras de frio.
Pela Cooperativa Terras de Felgueiras, Rui Pinto, diz que trabalham
a vinha e o kiwi. No kiwi trabalham com cerca de 140 produtores, apenas com
kiwi verde e que a comercialização está a cargo da Kiwi Atlântico. Na sua
perspetiva o kiwi é um fruto mais rentável do que a vinha, considerando que o
futuro da kiwicultura em Portugal é promissor, pois há défice de produção na
vizinha Espanha, que, como já se disse, é o país com maior consumo per capita. A cooperativa vai investir
em aumento de instalações de frio.
Nélio Marques, sobre o tema exportação do kiwi nacional, defende
que independentemente da central que vende, vai no rótulo a referência a
Portugal, pelo que, há a necessidade de harmonizar a qualidade, como tem sido
alertado pela APK. Alertou para o perigo da desregulação de mercado com agentes
que não estão inseridos nesta entidade de regulação comum, com a APK a
trabalhar no sentido de agrupar todos os intervenientes da fileira. Resume a
intervenção à necessidade de regulamentar, trabalhar nas mesmas diretrizes e
vender qualidade.
Também da mesa resultou uma afirmação relativamente à necessidade
de investir em tecnologia de produção e de apoio à gestão, a fim de melhorar a
rentabilidade hora e conter os custos.
Uma das questões colocadas à mesa foi a de como pretendiam
fomentar a qualidade quando estão a ser colhidos pomares sem Brix, tendo sido
prontamente defendido pela mesa o facto de se terem arrancado as colheitas com
os pomares mais jovens que tendem a adiantar o Brix. Contudo, o representante
da Kiwi Greensun aproveitou o momento para mencionar que é grave estar-se a
assistir à colheita de frutos de Cat. II e geminados em setembro, seguramente
sem Brix, perpetuando a entrada de fruto sem qualidade e sem sabor no mercado,
defraudando quem o compra.
Da mesa também saiu uma afirmação sobre o ºBrix, alertando para a necessidade
de se colher com o ºBrix adequado, a fim de se garantir a qualidade da fruta e
assim manter a confiança dos consumidores.
Apesar de concorrentes, denotou-se harmonia e concordância nos
temas abordados e cuidado e atenção para a sustentabilidade da fileira
nacional, com foco na qualidade. A APK incentiva todos a trabalhar em benefício
da qualidade do kiwi produzido em Portugal.
Dando cumprimento ao programa proposto, encerrou-se o concurso com
a apresentação dos pomares eleitos e respetivos produtores, tendo sido
atribuído o prémio de Melhor Pomar em Formação (1 a 4 anos) a Maria Manuela
Santos Silva e Melhor Pomar em Produção a Fernando Miguel da Rocha Freire. A
decisão acerca dos vencedores foi da responsabilidade dos técnicos da APK e dos
entrepostos associados que visitaram os pomares no dia 24 de outubro.
A APK terminou o evento, agradecendo a colaboração de
todos que contribuíram para o desenrolar dos trabalhos e convidou os
participantes inscritos a terminarem a manhã no almoço convívio, fazendo
lembrar momentos de confraternização pré-pandemia.