CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA DA FILEIRA PORTUGUESA DO KIWI
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Fátima Alves, João Aldeia, João Bica, Paula Castro
Centre for Functional Ecologyda Universidade de Coimbra (CFE-UC)
CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÓMICA DA FILEIRA PORTUGUESA DO KIWI
A Linha de Investigação Sociedades e
Sustentabilidade Ambiental do CFE-UC, no âmbito Grupo Operacional i9kiwi e do
projeto de investigação ReNATURE, promoveu, entre 2019 e 2020, um inquérito por
questionário dirigido às empresas da fileira do kiwi (amostra por conveniência
de 94 empresas), com o intuito de proceder à sua caracterização socioeconómica,
ilustrar tendências na fileira e contribuir para compreender como tem evoluído
e como se estrutura em Portugal.
Neste estudo, a maioria dos respondentes são
associados da APK (61,7%), e a quase totalidade (90,4%) são associados de um
dos entrepostos nacionais. A avaliar pela amostra, trata-se de uma população
jovem (64,9% tem menos de 50 anos), com uma escolaridade elevada
(60,7% completou pelo menos um grau de escolaridade no ensino superior) e maioritariamente
masculina (76%).
Para muitas das empresas da amostra, a kiwicultura é
uma atividade familiar, com 44% dos respondentes a indicar ter pelo menos
um familiar envolvido na fileira (maioritariamente cônjuges ou pais). A grande
maioria dos respondentes (proprietários) desenvolve tarefas administrativas
e/ou agrícolas na exploração (86,2%), o que se compreende, em parte, pela reduzida dimensão das empresas da
fileira (87,2% exploram pomares com uma dimensão inferior a 10ha e 67% exploram
áreas inferiores a 5ha).
A maioria das empresas refere possuir pelo menos uma
certificação comercial (67 das 94), onde se destacam a certificação
GLOBALG.A.P. e a certificação de produção integrada (42 empresas em ambos os
casos). Destacadamente, o cultivar fêmea mais plantado nos pomares da amostra é
o cultivar “Hayward”,
que está presente em 62 pomares.
Há variações significativas no que respeita ao
preço médio a que as empresas venderam a sua produção em 2018, tendo
indicado preços médios por kg que oscilaram, entre 0,55€ e os 2,00€, com uma
média de preço de 0,87€/kg. É de salientar o facto de a kiwicultura se
apresentar como uma atividade económica complementar, com 74,5% a
indicar possuir outra atividade, podendo contribuir para 72,3% destes respondentes,
um máximo de metade do seu rendimento anual. Em 2018, cerca de 27% das empresas
indicaram não ter tido uma faturação positiva e mais de metade (52,4%)
registaram uma faturação inferior ou igual a 5000€. No entanto, esta informação
deve-se, em grande medida, à data recente da plantação de muitos dos pomares (a
partir de 2016).
Entre os principais desafios que os
respondentes identificam na sua atividade profissional destacam-se, por ordem
decrescente: o controlo de doenças nos pomares; a obtenção de mão-de-obra; o
preço a que vendem a sua produção; o controlo de plantas infestantes nos
pomares e as dificuldades associadas a questões burocráticas no âmbito de
projetos de investimento. No tocante ao controlo de doenças, a gestão do
cancro bacteriano provocado pela Pseudomonas syringae pv. actinidiae
(PSA) é o desafio mais referido, o que se compreende dado que, em 2018, cerca
de 60% das empresas identificaram PSA nos seus pomares.
No tocante ao uso de fitofármacos, muitas das
empresas da amostra indicam usá-los nos seus pomares, com destaque para
herbicidas (47 empresas), bioestimulantes (41), reguladores de crescimento
(34), e fungicidas (24). Cerca de 76% indicam usar pelo menos um produto à base
de cobre nos seus pomares.