ASSEMBLEIA GERAL E JORNADAS TÉCNICAS 2022
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Associação Portuguesa de Kiwicultores
ASSEMBLEIA GERAL E JORNADAS TÉCNICAS 2022
Realizou-se
no passado dia 17 de dezembro a Assembleia Geral da APK que tinha como pontos
principais da “Ordem de Trabalhos” o Plano de Atividades e Orçamento para 2023.
Foi
apresentado, nas suas linhas gerais, o Plano de Atividades para o ano de 2023,
referido como sendo de continuidade com o trabalho que vem sendo realizado.
Igual aprovação mereceu também o Orçamento apresentado para 2023 que prevê um
total de 53.117,80€ de receitas para um valor igual de despesa a realizar.
Entreposto |
Produção (Ton.) |
Kiwicoop |
9 000 |
Kiwi Greensun |
12 700 |
Kiwilife |
2 400 |
Prosa |
4 000 |
Terras de
Felgueiras |
2 350 |
TOTAL |
30 450 |
Terminada a
Assembleia Geral realizaram-se as Jornadas Técnicas, que iniciaram com a
intervenção dos entrepostos que referiram ter bom calibre e que o início da
comercialização está a ser bom, embora tenham alguns receios quanto a
conservação da fruta.
Neste evento
também tivemos as intervenções de Pedro Sebastião, da AsfertGlobal com a “A importância do microbioma do
solo na cultura do kiwi”, de Liliana Perestrelo, da certificadora Naturalfa -
“Alterações nas certificações:
Quais os principais impactos?” e de Pedro Rego, da empresa Instalrega com as “Tendências
e inovações em sistemas de rega no kiwi”, e cujo resumo apesentamos de
seguida).
“A importância do microbioma do solo na
cultura do kiwi” - Pedro Sebastião, AsfertGlobal
A
agricultura intensiva com distintas práticas culturais que incluem o uso
excessivo de fertilizantes químicos pode alterar o pH do solo, a capacidade de
troca catiónica, etc.; e ainda toda a componente viva do solo (bactérias,
fungos, nemátodes, minhocas, raízes de plantas, etc.) com custos quer para o
produtor quer para o ambiente.
Na
maioria do caso a componente viva do solo – Microbioma – encontra-se bastante
abaixo do desejável e contribuir para o seu desenvolvimento será uma das formas
mais interessantes para contribuir para uma agricultura mais sustentável.
Vários
investigadores têm proposto a introdução de microrganismos do solo que
naturalmente participam no ciclo biogeoquímico dos nutrientes retidos no solo,
quer solubilizando uns, quer mineralizando outros retidos na matéria orgânica.
Simultaneamente, estes microrganismos estabelecem relações sinergísticas com as
plantas na sua rizosfera, estimulando o crescimento através da produção de fito
hormonas e outros metabolitos que induzem o crescimento e a floração, como
também controlado os microrganismos patogénicos. Comercialmente esses
microrganismos são incluídos nos Biofertilizantes de base microbiana.
A
Asfertglobal faz parte das empresas que acompanha e valoriza o desenvolvimento
científico aplicado à agricultura, com intuito de manter ou melhorar a produção
atual sem comprometer o futuro da qualidade dos solos agrícolas.
A
cultura do kiwi devido às características do seu sistema radicular apresenta-se
bastante dependente das micorrizas que as plantas conseguem estabelecer, por
isso inocular fungos micorrizicos apresenta-se como uma das opções mais
interessantes na instalação de pomares novos, mas também de forma pontual em
pomares já instalados, de forma a melhorar a capacidade da planta explorar
melhor o solo e tornando-se mais resiliente quanto às questões de
disponibilidade de água no solo bem como a problemas relacionados com doenças
fúngicas do solo.
Os
consórcios bacterianos que por terem registo como biofertilizantes, têm a sua
utilização justificada pelo facto de permitirem reduzir os fertilizantes de
síntese entre 25%-30%, mas para além desta dimensão de fertilizante têm também
uma dimensão biostimulante (ação dos metabolitos secundários produzidos pelas
bactérias contra stresses abióticos) e de biocontrolo (ação dos metabolitos
secundários produzidos pelas bactérias contra stresses bióticos) nalguns casos
de forma direta mas em sempre de forma indireta pois o resultado final da
aplicação de um consórcio bacteriano culmina sempre num aumento da massa
microbiana total do solo, onde se incluem inúmeras espécies e estirpes que
complementam a ação das que originalmente foram aplicadas.
Uma
comunidade microbiana forte e estável na rizosfera é o melhor garante para um
solo saudável que por sua vez é o melhor garante para boas produções. Nesse
sentido estratégias como melhorar balanço húmico do solo e aplicar
biofertilizantes de forma regular contribuem para manter e melhorar as
produções de uma forma mais sustentável.
“Alterações nas certificações: Quais
os principais impactos?”- Liliana Perestrelo, CEO Naturalfa
As
certificações são uma ferramenta para aumentar a notoriedade dos produtores e
possibilitar a sua entrada em mercados mais exigentes. As constantes alterações
de mercado e preferência dos consumidores, fazem com que os clientes exijam
certificações que deem resposta às novas tendências.
Assim,
por um lado vermos as certificações que já conhecemos, como é o caso da
GLOBALG.A.P. e da Produção Integrada (PRODI), a incluírem de forma constante
novos requisitos; por outro lado, vemos o aparecimento de novas certificações,
como por exemplo LEAF e ZERYA.
Mas,
há algo que se assemelha entre todas estas alterações e tendências, todas as
certificações estão a procurar tornar a atividade agrícola mais sustentável.
GLOBALG.A.P.
A
versão 6 do GLOBALG.A.P. que já se encontra publicada e que se torna
obrigatória em janeiro de 2024, incluí um conjunto de novos requisitos
ambientais, sendo que a principal novidade é a abordagem orientada para os
resultados.
Isto
significa, que será pedido aos produtores para definam objetivos em termos de
sustentabilidade, tais como, Biodiversidade, Energia, Gases Efeitos Estufa,
Água e Fatores de Produção; e que controlem estes consumos, partilhando os seus
resultados com os restantes produtores certificados.
Este
conceito irá permitir aos produtores avaliarem os parâmetros de
sustentabilidade e definirem métricas para reduzir os seus consumos e os seus
impactos, permitindo demonstrar ao mercado que os produtores certificados em
GLOBALG.A.P. não só possuem cuidados ambientais na produção de alimentos, mas
também conseguem demonstrar através dos seus resultados de que forma o fazem.
Por outro lado, os produtores terão a oportunidade de se compararem com outros
produtores, e tomarem consciência da forma como podem trabalhar o conceito da
sustentabilidade.
Produção Integrada
A
Produção Integrada é um modo de produção praticado por muitos produtores, que
seguem os conceitos definidos nas Normas Técnicas publicadas pela DGADR. Essas
normas técnicas, há muito que se mantém inalteradas e como tal, precisam de ser
revistas de forma a incluírem os conceitos atuais.
Dado
que o próximo programa de investimento PEPAC apoiar os produtores que se
certifiquem em Produção Integrada, torna-se necessária a atualização das normas
de Produção Integrada. Assim, encontra-se proposta uma nova norma geral da
Produção Integrada, que ao vir a ser aprovada, terá alguns impacto para os
produtores de kiwis, principalmente para os produtores que possuem parcelas de
grandes dimensões.
Também
na Produção Integrada se verifica a tendência da crescente preocupação com as
questões de sustentabilidade, por isso, também nesta certificação vermos novos
requisitos associados à Biodiversidade, ao consumo de Energia e à Água.
Todas
estas alterações requerem novas exigências, no entanto, os produtores que
conseguirem implementá-las de forma adequada, conseguirão trabalhar mais
harmoniosamente com o meio que os rodeia, e acima de tudo, conseguirão reduzir
consumos e custos com fatores de produção.
“Tendências e inovações em sistemas
de rega no kiwi” - Pedro Rego, Instalrega
Tendo em conta as alterações
climáticas colocam-se grandes desafios na gestão eficiente da água e proteção
do meio ambiente, de salientar:
·
Poupança da água
·
Gestão de energia
Relativamente à poupança, passa
pela procura de fontes de abastecimento, armazenamento, escolha do sistema de
rega tendo em conta as condições do terreno e o modo de cultura, monitorização
do consumo com recurso a sensores e sistemas ativos de alerta e controlo on-line.
Foram
apresentados vários tipos de armazenamento da água já conhecidos como a charca,
tanques e vários tipos de reservatórios, com destaque para os reservatórios
flexíveis em bolha com vantagens e inconvenientes de cada um deles.
Relativamente
à gestão da energia, é fundamental que o sistema de rega seja o mais adequado
ao tipo de pomar, terreno, microclima da área e sistema de cobertura do solo.
Qualquer que seja o tipo de rega é aconselhável haver uma monitorização com
recurso a sondas e sensores ligados a sistemas de controlo e monitorização
remoto com recurso a aplicações informáticas e acessíveis em tempo real. A
utilização de fontes de energia renovável como painéis fotovoltaicos e torres
eólicas é uma mais-valia na poupança energética.
O
evento terminou com a Prova de Kiwis para o XII Concurso “Kiwis 5 Estrelas”,
cujo vencedor foi o produtor do entreposto Kiwi Greensun.