ALERTA NACIONAL! JÁ HÁ REPRODUÇÃO EM CAMPO. ONDE ESTÁ O PERCEVEJO ASIÁTICO?
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Luís Reis
Esp
ALERTA NACIONAL! JÁ HÁ REPRODUÇÃO EM CAMPO. ONDE ESTÁ O PERCEVEJO ASIÁTICO?
A SITUAÇÃO PORTUGUESA Em final de 2018 foram encontrados os primeiros Percevejos Asiáticos (Halyomorpha halys) no país, na zona de Pombal, em material que tinha sido importado de Itália, apanhado, portanto, quase à saída do transporte. No ano passado, surgiu a notícia (dada pelo Flower Lab) de novos avistamentos, em Braga (setembro), Coimbra (setembro) e Lisboa (outubro). Este ano surgiram mais observações, em Santa Maria da Feira (março), Coimbra (maio) e Valença (setembro). Segundo informação do Flower Lab, parceiro da APK no âmbito do projeto i9Kiwi, Coimbra terá sido a primeira cidade em Portugal com mais do que uma observação. O Flower Lab destaca, também, a importância da descoberta mais recente, em Valença, por ter sido a primeira vez que foram encontrados juvenis, sendo considerados ser a primeira evidência de reprodução no país. UM INSETO COM INTERESSES ALARGADOS O Percevejo Asiático é originário da Ásia e tem vindo a alargar a sua área de influência nas últimas duas décadas. É um inseto picador-sugador (Hemiptera) que ataca mais de 300 espécies de plantas, podendo picar folhas, ramos, frutos, grãos e sementes. No caso dos frutos, a sua ação pode causar alterações e, nos casos de ataques mais sérios, a sua queda precoce. Pode afetar espécies florestais, ornamentais, frutícolas e hortícolas. São exemplo de culturas afetadas: o tomate, o feijão, a soja, milho, ameixieira, cerejeira, macieira, pereira, pessegueiros, citrinos, oliveira e também o Kiwi. PERDAS DE CENTENAS DE MILHÕES DE EUROS NA EUROPA O caso italiano deve ser um alerta para os problemas que o Percevejo Asiático pode representar nas atividades agrícolas nacionais. Segundo dados da EPPO (acrónimo da Organização Europeia e Mediterrânica de Proteção Fitossanitária), o Percevejo Asiático foi primeiro identificado em 2012, em Modena, na Região de EmiliaRomana, a partir de onde se terá espalhado pela zona norte de Itália sem provocar, inicialmente, problemas. Figura 1: 1.º instar e eclosão dos ovos Figura 2: Ninfa - 4º instar 2 N.º 68 – OUTUBRO/2021 Ainda segundo a EPPO, em 2014, chegaram as primeiras notícias de alguns estragos, em pomares de pêra, mas em áreas restritas. Foi em 2015 que surgiram grandes populações de Percevejo Asiático na zona do Vale do Pó, em regiões de produção frutícola de Modena, Reggio Emilia e Bolonha. Desde então, os danos têm sido uma permanente preocupação para os produtores agrícolas. Só na região de Emília-Romana, estes insetos terão sido responsáveis por prejuízos de 300 milhões de euros em 2019 - poderão ter sido 600 a 700 milhões a nível nacional, segundo a imprensa italiana. Para além do recurso a armadilhas, redes e fitofármacos, os italianos estão a procurar limitar a progressão do Percevejo com o recurso à libertação de antagonistas, como é o caso da Vespa Samurai (Trissolcus japonicus). Também em França, o Percevejo Asiático já faz estragos em várias culturas agrícolas. Foi identificado, pela primeira vez, em 2012, na região da Alsácia e, desde então, tem-se espalhado pelo sul de França, onde também já é fator de preocupação para os kiwicultores. Nos últimos anos, os kiwicultores têm estado atentos à sua evolução de modo a que poderem combater esta nova ameaça. Em Espanha, foi identificado, em 2016, no campus universitário de Girona e, desde então, tem-se espalhado pela Catalunha. NEOZELANDESES MOBILIZADOS A Nova Zelândia tem, há vários anos, ações específicas para procurar evitar a entrada e instalação do inseto no país. Os kiwicultores neozelandeses consideramno a ameaça fitossanitária número um e agem em conformidade. Pode dizer-se que o inseto ainda não está a provocar estragos graças, em primeiro lugar, ao seu reconhecimento e, depois, à enorme alocação de recursos que têm sido conseguidos. Estabeleceram um programa nacional de vigilância que inclui a colocação de armadilhas em 80 locais em todo o país. As restrições de acesso a pessoas, no âmbito do vírus Covid-19, limitaram o potencial de entrada por visitantes e turistas. O transporte de mercadorias era um ponto de entrada muito importante e, sendo assim, os neozelandeses começaram a obrigar ao tratamento prévio de contentores/equipamentos enviados a partir de 37 países, que consideram de risco. INIMIGO NÚMERO UM NA NOVA ZELÂNDIA, E EM PORTUGAL? Pela forma como estes insetos se foram estabelecendo em outros países, é razoável pensar que a espécie poderá também estar a instalar-se no nosso país. É, por isso, urgente fazer um esforço para perceber a realidade nacional - onde se encontram e qual a dimensão das comunidades - de modo a que se possa acompanhar a sua evolução, procurando agir para limitar o desenvolvimento das comunidades destes insetos. ARMADILHAS - A IMPORTÂNCIA DE MONITORIZAR O título deste artigo tem uma chamada de atenção com a indicação de contacto para a APK. É importante que os produtores estejam muito atentos aos seus pomares e à eventual presença destes insetos. A monitorização destes insetos pode ser feita com armadilhas com feromonas (estas armadilhas não têm autorização para serem utilizadas para controlo, pelo que só é possível utilizá-las para fazer monitorização). A APK conseguiu, com o apoio de uma empresa com presença nacional, a Sipcam, colocar, ainda durante esta campanha, algumas armadilhas distribuídas por vários concelhos do centro e norte do país. Estas armadilhas vão estar disponíveis para venda durante a próxima campanha, ainda que de forma limitada. Apela-se, por isso, aos produtores para que considerem o seu uso na monitorização.
Caso queira participar neste esforço de monitorização, deve contactar a APK para fazer o registo de interesse e ter mais informações sobre custos e disponibilidade.
Fotografias: https://www.odaguides.us/halyomorpha-halys1.htm