41.ª IKO - INTERNATIONAL KIWIFRUIT ORGANIZATION
Categorias
APK
Associação Portuguesa de Kiwicultores
41.ª IKO - INTERNATIONAL KIWIFRUIT ORGANIZATION
A reunião voltou ao seu formato presencial oferecendo uma
excelente oportunidade de intercâmbio e discussão sobre a cultura do kiwi.
Participaram delegações da Nova Zelândia, Chile, Itália, Grécia, Espanha,
Portugal, França e Califórnia (E.U.A.) e, pela primeira vez, a Africa do Sul.
Alexandra Gomes – Secretária Geral da APK, esteve em
representação de Portugal e dos seus Entrepostos associados, e que apresenta
aqui o resumo do evento.
Itália
As áreas de produção perderam hectares de 2020 para 2021,
exceto na Calábria, em que aumentou. Ne região de Emilia-Romana a área plantada
manteve-se.
Nas variedades verdes, principalmente na Hayward, o
decréscimo deve-se principalmente à Moria do Kiwi ou KVD – Kiwi Vine Decline.
As exportações de 2021 não tiveram muita alteração,
principalmente no mercado da União Europeia (UE). Continua a tendência de
importação de kiwi da Grécia. O consumidor italiano tem vindo a aumentar os
gastos com a aquisição de kiwi.
Previsão de produção para 2022: Verde 257 mil toneladas, mais
16% que na campanha anterior – nas variedades verdes continuam abaixo da
capacidade máxima de produção. Relativamente às variedades amarelas está
prevista um aumento na produção de 83 mil toneladas para 106 mil toneladas. Nas
variedades vermelhas há um aumento de 135%, de 1.000 para 2.400 toneldas.
Está em execução uma campanha de incremento do consumo do
kiwi Italiano, com fundos da UE para os mercados externos – “Enjoy it’s from
Europe”.
Fitossanidade: as elevadas temperaturas em junho e julho
aumentaram o stress nas plantas, causando a paragem na atividade
fotossintética, em alguns dias não existia diferença entre a temperatura diurna
e a noturna, níveis de precipitação atingiram recordes, no entanto, e mesmo com
as condições adversas, estão à espera de maiores calibres que na campanha
anterior.
O Percevejo Asiático expandiu-se das zonas do norte de
Itália, para o sul, tendo sido observados insetos na Calábria. Estão a fazer
largadas controladas de insetos. O uso de redes a isolar o pomar e a captura em
massa com painéis com cola e feromonas, mostram-se os meios de combate mais
eficazes de combate a esta praga.
Relativamente à PSA a situação mantém-se a mesma, sou seja,
disseminada, mas controlada com os tratamentos fitossanitários e as operações
culturais.
Relativamente à Moria o uso de porta enxerto mais
resistentes, nomeadamente o Bounty, parece ter bons resultados. Estão otimistas
quanto ao futuro controlo desta doença, pois acham ter identificado as “chaves
da infeção” e os fatores que levam à Moria.
A plantação de Hayward nas zonas afetadas pela Moria, parece
ter estagnado, pois os produtores estão a optar por variedades
amarelas/vermelhas, por serem mais rentáveis e por a área de Hayward estar a
aumentar na Europa, principalmente na Grécia.
França
Decréscimo na produção de 2021 devido a geadas, esta campanha
preveem um aumento na produção, embora o calor de junho/julho também os tenha
afetado.
Fitossanidade: tem problemas com Moria, tendo perdido até à
data 100 hectares. Estão a fazer ensaios com produtores. Relativamente à PSA
tiveram uma maior incidência da doença em 2022 e, através de um projeto
financiado pelo governo, estão a fazer ensaios com microinjeção.
O Percevejo Asiático tem vindo a provocar mais estragos ao
longo do período de monitorização desde 2018 a 2022. Estão a fazer ensaios com
a introdução de parasitoides, nomeadamente e Trissolcus mitsukurii em avelã e,
se os resultados forem bons passarão para o kiwi.
Portugal
A produção nacional de 2021, e segundo os dados do INE –
Instituto Nacional de Estatística, foi de 55.461 toneladas, para a próxima
campanha está prevista uma diminuição da produção, entre 10 a 20% relativamente
a 2021 devido à ausência de frio invernal e ao calor excessivo de junho/julho.
Fitossanidade:
A situação da PSA tem-se mantido dentro da normalidade, o inverno não foi
rigoroso por isso os sintomas da doença manifestaram-se pouco.
Estamos a fazer a monitorização do Percevejo Asiático, com os
Entrepostos e com Kiwicultores associados da APK, que adquiriram armadilhas
para monitorização desta praga emergente.
Califórnia (E.U.A.)
A produção californiana será muito semelhante à da Campanha
anterior, com cerca de 30 mil toneladas para 1700 hectares da variedade Hayward
plantados. Há uma diminuição na quantidade de kiwi em Produção Biológica,
devido ao aumento das outras variedades, nomeadamente amarelo e mega Kiwi
(variedade Tsechelidis), mas a grande maioria da produção é de Hayward (93%),
amarelo (3%), Mega (3%) e vermelho (1%).
Fitossanidade: Continuam sem problemas de PSA. O Percevejo
Asiático existe há muito tempo nos EUA, mas está controlado. Uma das pragas a
que estão atentos é a Mosca da Fruta, que se está a deslocar do Este para o
Oeste, ao longo do caminho ferroviário (devido ao transporte de fruta através
deste meio de transporte).
Grécia
A produção de 2021 foi de 310 mil toneladas, e nesta campanha
está previsto um aumento para 355 mil toneladas, mas poderá ser um estimativa
por cima, pois os calibres são menores, devido aos mesmos problemas que
afetaram o resto da Europa, nomeadamente o calor excessivo em junho/julho. Tem
12.500 hectares plantados em 2020, a área de 2022 ainda não está registada e
disponível, pelo que a área real plantada deverá ser superior.
A maior área de produção é a Macedónia Central, com 50% da
área plantada. Na Grécia não há cultura mais rentável que o Kiwi, o que a torna
muito interessante para os agricultores gregos. As exportações para a europa
aumentaram nesta companha, muito devido ao conflito entre a Ucrânia e a Rússia.
Itália e Espanha são os principais destinos das exportações para a UE. O
principal mercado fora da UE é o dos E.U.A.
A Turquia e o Irão são grandes produtores mundiais de kiwi e
que oferecem preços muito mais baixos, tornando a entrada nos mercados onde
estão presentes, muito difícil. O consumo de kiwi dos gregos é de cerca de 1 kg
per capita.
Fitossanidade: O Percevejo Asiático já foi identificado na
Grécia, mas até ao momento sem estragos no Kiwi. Está em curso um programa de
monitorização do inseto. A PSA continua
contida nas regiões, mas como o inverno foi mais rigoroso houve um aumento de
casos nessas regiões. A Moria não foi
detetada.
Chile
A colheita de 2022 será de cerca de 155 mil toneladas, um
decréscimo relativamente a 2021 (167 mil toneladas), pois houve renovação de
pomares velhos. As geadas na primavera, o excesso de calor no verão e a
escassez de água são fatores que diminuem a produtividade dos pomares e o
calibre da fruta. No caso das variedades amarelas há um aumento ligeiro de
3.612 para 3.735 toneladas.
As exportações para a Europa diminuíram, principalmente
devido ao prolongado período de conservação da fruta, que se tem prolongado no
tempo. As exportações para a Rússia também diminuíram devido ao conflito que
tem vindo a decorrer.
O kiwi é uma cultura que em muitos caso é complementar à
cereja, que é das frutas com maior rentabilidade para os produtores chilenos, é
uma forma de rentabilizar mão-de-obra e equipamentos quando não estão a ser
usados na campanha da cereja.
Fitossanidade: O Percevejo Asiático está presente desde 2000,
mas sem evolução na população, e sem estragos no kiwi. Tem-se mantido
circunscrito à zona de Santiago, onde são usadas armadilhas com feromona para
captura dos insetos que vêm nas mercadorias importadas, principalmente da Ásia
e dos E.U.A.
A PSA provocou alguns estragos durante a primavera. Estão a
adotar uma visão mais sustentável nos tratamentos, usando indutores de
resistências, fungicidas bacteriológicos, bacillus antagonistas, promover a
biodiversidade do solo e reduzir as aplicações de cobre.
No Chile o Verticillium
gasparii, fungo endémico do solo, é um problema sério em diversas áreas
agrícolas, e no kiwi também provoca estragos que devem ser controlados
principalmente com operações culturais, nomeadamente a eliminação de restos de
raízes contaminadas e o tratamento com tricodermas, micorrizas e bacillium.
A PSA e o Verticillum condicionaram muito as variedades que
se podem plantar, devido à suscetibilidade das mesmas a estas doenças.
Africa do Sul
As primeiras plantações ocorreram nas décadas de 80 e 90 do
século passado, com a plantação de variedade Hayward, e dos quais restam apenas
25 hectares, devido ao baixo conhecimento da cultura.
Desde 2014 que o interesse no kiwi ressurgiu, e neste momento
o grande interesse é na plantação de variedades amarelas e também vermelhas
como alternativa aos citrinos e uvas. Atualmente existem 390 hectares de
amarelo e 20 de vermelho. A produção ainda é muito baixa, cerca de 560
toneladas em 2021 e 530 em 2022. Os maiores desafios são o tamanho da fruta
(calibres pequenos), devido a más técnicas culturais e a falta de qualidade do
frio/mas conservação dos entrepostos, tudo isto se resume à falta de
conhecimento das técnicas culturais e da forma de conservação do kiwi, que são
bastante diferentes das culturas a que estão habituados como citrinos e uvas.
Fitossanidade. Como é
uma plantação recente não tem muitas pragas ou doenças, as principais são os
nematodes e algum aborto floral (que não sabem justificar a causa). No entanto
o setor está a estabelecer protocolos com universidades para poder fazer uma
monitorização mais atenta dos possíveis problemas do sector, sejam eles
culturais como de conservação.
Espanha
A produção espanhola da campanha de 2021 foi de 28.654
toneladas, estando prevista uma quebra de 8% para a campanha de 2022, devido
aos mesmo problemas de calor em junho/julho que afetou os restantes países da
europa. A principal região produtora é a Galiza (53%) seguida das Astúrias
(16%) e País Basco (8%), principalmente com a variedade Hayward. Valencia (10%)
apostou nas variedades amarelas e vermelhas, assim com a Catalunha (5%), como
opção aos citrinos e às frutas de caroço.
As variedades amarelas têm uma área plantada de 118 hectares
com uma produção de 1000 toneladas e as vermelhas 12 hectares com produção de
45 toneladas. De salientar que as plantações são bastante recentes e ainda não
estão no pleno da sua produção.
Existem planos de plantação de novas áreas, 300hectares de
variedades verdes, 100 hectares de amarelo e 20 hectares de vermelho. O consumo
per capita em Espanha é de 4kg.
Fitossanidade: tem problemas de Empoasca spp, principalmente
junto a vinhas e de Vespa Asiática, que não ataca o kiwi, mas sim as abelhas,
reduzindo a polinização. Relativamente ao Percevejo Asiático ainda não tiveram
nenhuma observação.
Tem problemas de podridões radiculares como a Phytofora e a
Armillaria, e de Phomopsis, que afeta as folhas e pedúnculos, causando a queda
precoce da fruta.
Relativamente à PSA está altamente difundida pela Galiza,
tendo sido também identificada nas Astúrias, País Basco e Navarra. Neste
inverno, e como também foi menos rigoroso, os sintomas da doença pouco se
manifestaram.
Nova Zelândia
Na campanha de colheita tiveram um défice de 20% na
mão-de-obra necessária, o que provocou problemas na qualidade do kiwi que
chegou ao continente europeu.
O acesso à água e a sustentabilidade do seu uso é, para além
do acesso à mão de obra, uma das preocupações do setor. Neste momento a
substância ativa do Dormex - cianamida hidrogenada - está sob avaliação por
parte do governo neozelandês.
Fitossanidade: através da Kiwifruit Vine Health (organização
líder em biossegurança dedicada a apoiar a indústria de kiwis da Nova
Zelândia), é feita a monitorização de diversas pragas de alerta e cuja
monitorização é fortemente controlada de modo a evitar a entrada/propagação da
ameaça, quer por esta entidade quer pela população, através da ciência cidadã
existindo inclusive uma aplicação móvel para registo de ocorrências. Das
pragas/doenças que são comuns a Portugal, o Percevejo Asiático tem sido
detetado em contentores recebidas dos EUA, China e Itália, enquanto a PSA está
distribuída por parte da ilha Norte, estando a ilha Sul totalmente livre da
doença.
O proximo país anfitrião será o Chile, em Setembro de 2023,
até lá o grupo de trabalho fará a sua reunião intercalar na Fruit Logistica de
Berlim, em Fevereiro de 2023.